Revista Casa Vogue com gravuras Galeria de Gravura com os artistas Macaparana, Jorge dos Anjos e Barsotti.
Macaparana
Hércules Barsotti
Jorge dos Anjos
Esgotada
Macaparana
Pintor, desenhista e escultor. Autodidata, inicia sua carreira como pintor figurativo. Realiza sua primeira mostra individual em Recife, em 1970, na Galeria da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur). Em 1972, muda-se para o Rio de Janeiro e em 1973 para São Paulo, onde se instala definitivamente.
Durante cerca de 10 anos expõe nas duas cidades trabalhos que tematizam o ex-voto. Em 1983, o contato com Willys de Castro (1926-1988), expoente do neoconcretismo e decisivo para a mudança de seu trabalho. Participa da 21ª Bienal Internacional de São Paulo em 1991. Suas exposições, individuais e coletivas, já estiveram em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Brasília, México, Japão, Nova York e Londres. Em 2009 realiza exposição individual de esculturas, pinturas e desenhos na Galeria Cayon, em Madri, e participa da coletiva Materia Gris, na mesma galeria. Comentário Crítico
No início de sua trajetória artística, nos anos 1970, Macaparana realiza pinturas voltadas para a aridez de sua região natal – o sertão pernambucano. Posteriormente, ganha força em sua pintura o tema do ex-voto. Este objeto de devoção, porém, não é tomado como metáfora da religiosidade nordestina, nem mesmo como manifestação do comportamento arcaico brasileiro, como aponta o crítico Olívio Tavares de Araújo, mas sim como um volume de madeira cujas texturas encantam o artista.
Gradativamente, o tema do ex-voto é abandonado e Macaparana passa a reproduzir na tela somente as texturas da madeira, num processo crescente de geometrização. Ao mesmo tempo, surge seu interesse em construir volumes usando sobras desse material. Em relação a essas obras, o crítico Frederico Morais avalia que o artista logra retirar da pobreza do material toda sua força poética e construtiva, trabalhando com tapumes, restos de construção e móveis deteriorados.
Ao juntar esses fragmentos ou lascas de madeira em uma nova ordem, ele mantém as cores e texturas originais, o que sobra de velhas camadas de tinta, as irregularidades e estragos, como se quisesse captar uma dimensão temporal nesses resíduos de uma arqueologia urbana.
O encontro com a obra de Willys de Castro (1926-1988) representa uma inflexão na obra do artista pernambucano. Inicia-se assim uma nova fase em sua carreira, de franco diálogo com o neoconcretismo, na qual predominam os segmentos de retas e as formas mais elementares, tais como, o triângulo, o retângulo e o quadrado. Mantendo-se no campo da geometria, Macaparana amplia o leque de materiais utilizados ao trabalhar com poliestireno, acrílico e aço, a partir dos anos 2000.

Hércules Barsotti

http://www.gravura.art.br/barsotti-hercules.html

Pintor, desenhista, programador visual, gravador. Inicia formação artística em 1926, sob orientação do pintor Enrico Vio (1874-1960), com quem estuda desenho e composição. Em 1937, forma-se em química industrial pelo Instituto Mackenzie.

Começa a pintar em 1940 e, na década seguinte, realiza as primeiras pinturas concretas, além de trabalhar como desenhista têxtil e projetar figurino para o teatro. Em 1954, com Willys de Castro (1926-1988), funda o Estúdio de Projetos Gráficos, elabora ilustrações para várias revistas e desenvolve estampas de tecidos produzidos em sua tecelagem.

Viaja a estudo para a Europa em 1958, onde conhece Max Bill (1908-1994), então um dos principais teóricos da arte concreta. Na década de 1960, convidado por Ferreira Gullar (1930), integra-se ao Grupo Neoconcreto do Rio de Janeiro e participa das exposições de arte do grupo realizadas no Ministério da Educação e Cultura (MEC), no Rio de Janeiro, e no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP). Em 1960, expõe na mostra Konkrete Kunst [Arte Concreta], organizada por Max Bill, em Zurique.

Hercules Barsotti explora a cor, as possibilidades dinâmicas da forma e utiliza formatos de quadros pouco usuais, como losangos, hexágonos, pentágonos e circunferências. Em sua obra a disposição dos campos de cor cria a ilusão de tridimensionalidade. Entre 1963 e 1965, colabora na fundação e participa do Grupo Novas Tendências, em São Paulo. Em 2004, o MAM/SP organiza uma retrospectiva do artista.