Carlos Drummond

Marcel André Félix Gautherot (Paris, França 1910 – Rio de Janeiro RJ 1996). Fotógrafo. Realiza inicialmente estudos de arquitetura, passando depois a se dedicar à fotografia. Vem para o Brasil em 1940. O interesse pelo país fora despertado pela leitura do romance Jubiabá, de Jorge Amado (1912 – 2001). Após uma breve passagem pela região amazônica, se fixa no Rio de Janeiro. Realiza trabalhos de documentação fotográfica para o recém-criado Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Sphan. Aproxima-se de intelectuais e arquitetos brasileiros, com quem trabalha com freqüencia, produzindo séries documentais sobre a nova arquitetura no Brasil. Nos anos 1940, viaja pelo Rio São Francisco, registrando os tipos humanos e as festas populares e religiosas com um olhar quase antropológico. Com o fotógrafo Pierre Verger (1902 – 1996), que conhece em Paris, realiza viagens pelo país, documentando, entre outros assuntos, a arquitetura colonial e moderna. Ao longo de sua carreira, colabora com revistas especializadas brasileiras e européias. Grande parte de sua produção é em preto-e-branco. Passa a utilizar também os filmes coloridos a partir da década de 1970. Nessa época, sua produção destina-se principalmente a livros editados no país e no exterior. É autor, entre outros, dos livros Pernambuco/Recife/Olinda, 1970, Congonhas do Campo, 1973, e Bahia, Rio São Francisco, Recôncavo e Salvador, 1995. Em 1999, o acervo de cerca de 25 mil imagens do fotógrafo é adquirido pelo Instituto Moreira Salles – IMS, no Rio de Janeiro.

Comentário Crítico
O conhecimento especializado confere ao fotógrafo Marcel Gautherot sensibilidade para os melhores ângulos da arquitetura. Revela grande interesse pela ocorrência da luminosidade, que ao incidir sobre edifícios, destaca espaços e volumes. A visão da arquitetura é valorizada por sua integração à paisagem e pelo contraste desta com o céu. Depoimentos de contemporâneos revelam que Gautherot esperava horas pela melhor nuvem, para convertê-la em uma presença marcante na fotografia.

Na década de 1940, viaja pelo Rio São Francisco, percorrendo principalmente o Recôncavo Baiano. Retrata os tipos humanos com um olhar quase antropológico. Tem interesse especial por locais como a orla do mar e as margens de rios, onde fotografa a atividade da população humilde, o trabalho de lavadeiras, pescadores e barqueiros. Revela a espontaneidade das festas populares e religiosas, como a de Nosso Senhor dos Navegantes e do Senhor do Bonfim. Amigo do fotógrafo Pierre Verger (1902 – 1996), que conhecera em Paris, compartilha com ele algumas viagens pelo país.

Ao longo de sua carreira, colabora em revistas especializadas brasileiras, como Módulo e O Cruzeiro e em publicações européias, como L’Oeil e Connaissance des Arts. Grande parte de sua produção é em preto-e-branco. A partir da década de 1970, utiliza também os filmes coloridos. Nessa época, sua produção destina-se principalmente a livros editados no país e exterior.

Marcel Gautherot traça, com suas fotografias, um sensível retrato do povo brasileiro. Realiza um trabalho que ultrapassa a mera documentação fotográfica, conferindo às imagens uma atmosfera que aguça a imaginação do espectador. Deixa, assim, importante registro de manifestações culturais brasileiras, inovando também no registro do patrimônio arquitetônico do país.