Daniel Melim, nascido e criado em São Bernardo do Campo, São Paulo. Desde 2000 vem desenvolvendo intervenções urbanas utilizando o stencil, resgatando este meio, que tem como carga histórica a origem da street art no Brasil. Sua produção se caracteriza pela escolha dos locais, buscando espaços deteriorados que fornecem inúmeros elementos compositivos (cor, textura, posição). Parte destes trabalhos estão localizados em bairros afastados do ABC Paulista (subúrbio de São Paulo), – como o Projeto Jardim Limpão – atingindo um público que normalmente tem pouco acesso à arte. Além dos trabalhos nas ruas, vem apresentando sua pintura – que se desenvolveu através das experiências do seu trabalho de intervenção urbana – em galerias e museus, no Brasil e no exterior – como Galeria Choque Cultural, Museu AfroBrasil, Memorial da América Latina, Bienal de Valência na Espanha, MASP e em outros espaços e instituições pelo mundo. Trabalhou como arte-educador em diversos projetos sociais na Grande São Paulo e vem desenvolvendo tantos outros pelo subúrbio paulistano. Seu traço também virou ilustração para várias publicações como a Revista Caros Amigos, Ele e Ela, Le Mound, Defish (Bélgica) entre outras.

Nascido em São Bernardo do Campo, SP, 1979

Vive e trabalha em São Bernardo do Campo, SP
Daniel Melim tem como uma de suas principais referências os antigos clichês da publicidade. A partir de imagens que vendem um mundo feliz de consumo, faz uma leitura crítica. Pensa diversos elementos, incluindo o significado propriamente dito daquilo que cria e as composições visuais que articula. Nem sempre o símbolo é o mais importante. Não raro, o estético é preponderante. Além disso, o desfocado e o desfigurado, ao constituírem ruídos na comunicação linear, são recursos que o artista costuma aproveitar em seu procedimento criativo, na construção de uma poética própria.

Seu trabalho não busca ser limpo e organizado, mas comporta uma pesquisa estética na qual o sujo, as grossas texturas, o aparentemente mal acabado e o considerado inicialmente pobre têm um papel primordial, protagonizando uma atitude de pensar o mundo. Nessa mesma esteira criativa, Melim se apropria de imagens pop, anúncios e letreiros. Parte, como Rauschenberg desses elementos para construir imagens nas quais a tinta não é necessária, pois os recortes feitos do cotidiano já compõem boa parte do que deseja expressar, seja numa tela ou num mural. Quando faz uma intervenção urbana, por exemplo, o sujo e o desgaste dos muros não são elementos para serem extirpados, mas para serem aproveitados. O tempo e o uso, que incluem pátinas desgastadas, rabiscos amontoados e pinturas descascadas pela intempérie, são somados a um raciocínio visual que nada despreza e tudo observa atentamente. Acima de tudo o trabalho de Daniel Melim é uma retomada de componentes da cultura pop, incluindo anúncios publicitários e sua ideologia, sob uma perspectiva que não se coloca como engajada. Essa fuga do simplismo dá a cada imagem criada pelo artista uma magnitude que se estabelece como obra de qualidade, plena de verdade interior do artista e universal mistério.